Histórico
Em 1985, por meio de um convênio com a Prefeitura Municipal de Florianópolis, estudantes de medicina tem a possibilidade de realizar estágio em medicina comunitária nos Centros de Saúde Municipais. Inicialmente, caracterizada como atividade de extensão, o projeto envolvia cerca de 50 alunos por turma. Essa modalidade de estágio curricular não obrigatório perdurou por mais de 10 anos no curso de Medicina.
Neste período, o curso de Psicologia também iniciou seus trabalhos nos centros de saúde. O Curso de Enfermagem, a partir da reformulação curricular de 1989, passou a ter como um dos pontos norteadores do currículo a complexidade crescente da assistência. Assim, o ciclo profissionalizante passou a enfatizar a disciplina integrada Enfermagem na Atenção Primária de Saúde.
Em 1992, foi organizado um fórum interdisciplinar no Centro de Ciências da Saúde/UFSC, envolvendo os cursos nele sediados e os Cursos de Psicologia e de Serviço Social, para a discussão de uma proposta de Residência Multiprofissional em Saúde Comunitária.
A partir de maio de 1997, por meio de um convênio específico entre a UFSC e a Prefeitura Municipal de Florianópolis/Secretaria da Saúde e Desenvolvimento Social de Florianópolis, foi definido e criado o Programa de Articulação Docente-Assistencial (PADA). A proposta visou atender à necessidade de formação de profissionais para o setor público da saúde, de acordo com os princípios e diretrizes do SUS.
O PADA visava construir um espaço de articulação docente-assistencial e promover mudanças no modelo hegemônico. Buscou-se superar a tradicional lógica flexneriana dos currículos dos cursos da saúde, por meio da atenção integral à saúde, fundamentada no paradigma da produção social da saúde e guiada pela prática da vigilância da saúde e suas bases estruturantes: Distrito Sanitário e Estratégia de Saúde da Família.
A participação dos vários departamentos do Centro de Ciências da Saúde no PADA ocorreu de forma gradual e constante, a partir do processo de implantação das Novas Diretrizes Curriculares em todos os cursos de graduação da área da saúde, inclusive com o incentivo financeiro, inicialmente do PROMED e, posteriormente, do PRÓ-SAÚDE.
A partir do lançamento do PRÓ-SAÚDE, em 2006, percebeu-se a necessidade de ampliar a relação entre as duas instituições, considerando a formação dos profissionais voltada para o sistema público de saúde e, portanto, deveria estar fortemente inserida neste sistema. Assim, buscou-se a ampliação dos campos de estágio, desenvolvendo parcerias que possibilitassem melhoria do serviço, da assistência e do ensino/extensão.
Nesse período, os projetos de reforma curricular dos cursos de Enfermagem, Medicina e Odontologia da UFSC foram aprovados pelo PRÓ-SAÚDE. Estas reformulações determinaram transformações, aumento do número de estudantes realizando estágio na rede básica de saúde e a inclusão de novos cursos com estágios na mesma rede. Houve uma expansão significativa, tanto quantitativa, quanto de diversidade de estudantes de graduação e pós-graduação nas unidades de saúde.
Por este motivo, a partir de junho de 2006 o PADA foi reestruturado, por meio de processo de interlocução e debate que propiciou a participação de todos os atores envolvidos. Neste processo foi unânime a análise de que todas as unidades de saúde do município são espaços privilegiados de educação no trabalho e potenciais campos de estágio. Considerando estes aspetos, o antigo PADA passa a ser constituído como Rede DocenteAssistencial (RDA) por representar mais claramente esta nova concepção da relação ensino-serviço e articulação da SMS de Florianópolis e a UFSC.
A partir da efetivação da Comissão Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde – CNRMS em 2009 e reestruturação organizativa residências multiprofissionais em saúde, a UFSC reapresentou a proposta em parceria com a Prefeitura Municipal de Florianópolis, para a oferta da Residência Multiprofissional em Saúde. A nova estrutura passou a vigorar em 2010. A partir de 2014, as residências são oficializadas como curso regulamentar de pós-graduação da UFSC, regulamentado pela Resolução Normativa nº 44/CUn/2014, de 4 de novembro de 2014.
Mais especificamente a trajetória do grupo de trabalho do Programa de Residência Integrada em Saúde da Família acumula a experiência na formação de residentes, que no período 2002-2016 contribuiu para a formação de aproximadamente 160 profissionais especialistas. Em termos de inserção no mercado de trabalho, é importante destacar que os egressos da Residência estão inseridos no SUS em diferentes setores e níveis de gestão e atenção à saúde, colaborando inclusive com a formação de novos profissionais em nível de graduação e pós-graduação.
História da Residência no Polo Extremo Sul – UFSC
Em 2023, por meio da articulação dos professores Carlos Severo Garcia Jr. e Roger Flores Ceccon, juntamente com a coordenação e professores colaboradores do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família (REMULTISF/UFSC) e com as secretarias municipais de saúde de Araranguá e Balneário Arroio do Silva, foi elaborada a proposta de descentralização da Residência Multiprofissional em Saúde da Família. Essa iniciativa resultou, a partir de 2024, na criação da primeira turma do chamado “Polo Extremo Sul” da REMULTISF/UFSC.
No âmbito do projeto, foram disponibilizadas 9 vagas em quatro áreas profissionais para os municípios parceiros: quatro vagas (enfermagem, odontologia e serviço social) destinadas a Balneário Arroio do Silva e cinco vagas (enfermagem, odontologia e nutrição) para o município de Araranguá.
Desde então, passaram a ser ofertadas disciplinas ministradas por professores da UFSC, vinculados ao campus de Araranguá, além da inserção de preceptores e tutores nas diferentes áreas de atuação dentro dos serviços de saúde da família dos dois municípios. Essa ação tem contribuído com o Sistema Único de Saúde local e com a formação de profissionais de saúde qualificados.